Circuitos

Salvador é linda,
Em tempo de carnaval,
A cidade pulsa,
Tem gente branca, preta, parda, 
Junta.

O carnaval é top,
Tem gente no camarote,
Fenótipo sulista, 
Todo respeito ao meu povo do sul,
Mas tem gente dormindo na rua, sem rima.

A ode de hoje, é ao ambulante,
Ao local,
Quem vê uma cidade suja,
Com muito sorriso,
Mas não da gente sua.

Um senhor,
Talvez 50 anos, ou mais,
Sorrindo,
Uma artista local tocava,
Na mão, um big bag, cheio de lata.

Terça volta minha à Salvador,
Olhos outros, de Artur, de Caique,
Locais,
De vida aqui,
Não turísticos, crus, reais.

É a mãe, dormindo no colchão,
Molhado de chuva,
Com a criança junto,
Vendendo o álcool, que anima o público,
Rezando por um almoço, de família junta.

Na ponta oposta da corda,
Na margem do lucro, capitalista,
No canto da rua,
Na ponta do cacetete,
Do agente público racista.

Um cabelo branco, raso,
Um ser humano, apoiado em um carrinho,
Um copo, descartável,
Estampado com nome de casa de aposta
Um pai de família, sozinho.

Salvador,
Muito obrigado, mais uma vez,
Espero voltar, ver as cores, só tuas,
Ver Ivete, Leo, Carlinhos,
Uma Salvador mais justa.
Cassio



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